Month: Dec 2015

(PT) NHL: A escuridão que nem os relâmpagos trespassam (II)

Todas as equipas que referimos na primeira parte têm cumprido (ou excedido) as expectativas, mas existem outros conjuntos que, apesar de inícios menos prometedores, possuem qualidade para fazer mossa e subir aos lugares da frente nas próximas semanas.

Para onde foram os nossos golos?

Um deles são os finalistas da Stanley Cup há apenas cinco meses, os Tampa Bay Lightning. O melhor ataque da fase regular em 2014-15 encontra-se agora numa incaracterística 25ª posição, e apesar da incerteza que grassa sobre Steven Stamkos – numa posição contratual em tudo idêntica à de Anze Kopitar -, não tem sido apenas pelo capitão (11 golos) que o disco não tem entrado. Em vez disso, a grande decepção tem sido o eclipse dos “Triplets”, o trio ofensivo que tomou a NHL de assalto no ano passado mas já foi até desmembrado por John Cooper. Ondrej Palat foi a primeira vítima, lesionando-se em inícios de Novembro, mas Nikita Kucherov (8 golos, 15 pontos) e Tyler Johnston (4 golos), que se tem debatido com problemas físicos, também têm passado ao lado dos jogos em várias ocasiões. O talento dos Tampa Bay Lightning não se manifesta igualmente no powerplay, onde ocupam um lugar no último terço da NHL, à imagem de outra equipa com dificuldades em transformar as oportunidades que queria.

Sidney Crosby (#87), capitão dos Penguins, tenta fazer entrar o disco na baliza dos Edmonton Oilers de forma muito pouco ortodoxa. Uma tarefa que tem iludido a equipa durante esta temporada. (AP Photo/Gene J. Puskar)

Os Pittsburgh Penguins de Sidney Crosby, Evgeni Malkin e agora também de Phil Kessel, três dos atacantes mais produtivos da NHL na última década, têm precisado demasiado do desempenho do guardião Marc-André Fleury para somarem triunfos, imitando os rivais NY Rangers ainda que com menos sucesso em termos de resultados. Desta forma, a incapacidade atacante tem principalmente a face de um Crosby irreconhecível em muitos momentos, com os 18 pontos obtidos em 26 partidas a fixarem estes dois meses de temporada como o pior começo de sempre daquele que para muitos é (era…) o melhor jogador do mundo. O capitão carrega ainda um desagradável +/- de -9, não muito longe do fundo da NHL, onde está colocado o melhor defesa da equipa, Kris Letang (-14).

Quanto a Kessel, leva nove tentos apontados mas não tem sido o factor diferenciador esperado, mesmo que partilhe o gelo com Malkin (25 pontos), regularmente a presença inspiradora numa formação apática, coleccionando vários momentos ofensivos de tirar o fôlego durante as ultimas semanas (vídeo em baixo). E nem a profundidade ofensiva que o GM Jim Rutherford fez por providenciar no defeso tem feito a diferença, já que Chris Kunitz, Patric Hornqvist ou David Perron ainda não passaram da dezena de pontos.

Os Penguins encontram-se actualmente fora dos lugares de acesso aos playoffs, e o mesmo acontece com os Anaheim Ducks, apontados no início da temporada como a equipa favorita a vencer a Conferência Oeste. Apenas duas vitórias averbadas na primeira dezena de encontros colocaram em risco o lugar do treinador Bruce Boudreau, mas a equipa já escalou lugares, estando actualmente a um mero ponto dos lugares de acesso mesmo que a consistência de resultados tarde em chegar. Ryan Getzlaf (18 pontos) somou apenas um ponto nas oito partidas iniciais, tal como a outra estrela da equipa, Corey Perry (10 golos), mas o duo recuperou a confiança e o mesmo parece estar a acontecer a Ryan Kesler e ao principal defesa do conjunto, Cam Fowler.

Os Ducks ocupam actualmente a 30ª e última posição em termos de golos marcados (1.93 golos por jogo) mas, com mais de dois terços de temporada para jogar, seria uma enorme desilusão que falhassem a presença nos playoffs, onde as exibições realizadas seis meses antes são absolutamente irrelevantes.

Entre um triste presente e a esperança no futuro

E finalmente chegamos ao fundo da tabela, onde a presença de uma formação tem sido especialmente estranha, atendendo a que estas profundidades normalmente estão reservadas para equipas em renovação.

Os Columbus Blue Jackets, apontador por muitos como uma das equipas que podiam fazer uma gracinha após o impressionante final de temporada em 2014-15, começaram com 8 derrotas seguidas em tempo regulamentar, o pior início de sempre na história da NHL, e isso custou o lugar ao treinador Todd Richards, substituído pelo implacável John Tortorella, campeão da Stanley Cup em 2004 com os Tampa Bay Lightning. O registo da equipa é positivo desde a mudança (11-8-1) mas ainda se encontram a oito pontos dos lugares que oferecem os Wild Cards na Conferência Este.

Sergei Bobrovsky foi um dos principais responsáveis pelo início desastroso dos Columbus Blue Jackets (Ed Mulholland – USA TODAY Sports)

Para o recorde negativo muito contribuiu o começo terrível de Sergei Bobrovsky (0.865 SV%, 3.97 GAA em Outubro), mas o guardião russo conseguiu um mês de Novembro de clara retoma (0.940 Sv%, 8 vitórias em 11 jogos), abrindo boas perspectivas de subida na tabela. Na linha ofensiva, o capitão Nick Foligno e Ryan Johansen, que fizeram furor no ano passado, têm estado mais discretos, com as maiores contribuições a serem retiradas do jovem Boone Jenner, que leva 11 golos, e de Brandon Saad, outros dos sacrificados na necessária purga do plantel campeão em Chicago, que apontou já nove tentos pela formação do Ohio.

Se a surpresa causada pelo começo negativo dos Jackets foi enorme face às expectativas criadas, muito do mesmo pode ser dito sobre os Edmonton Oilers, que pelejam mais uma vez pela lanterna vermelha da NHL. A formação do estado de Alberta, que trocou de GM e treinador durante o defeso, acumulou apenas 24 pontos, apesar de Taylor Hall pertencer ao top 10 dos melhores pontuadores, e do prometedor Leon Draisatl ter concretizado um começo impressionante após ser recuperado das ligas inferiores (20 pontos em 18 partidas). O central alemão aproveitou exemplarmente a oportunidade em aberto devido à lesão do prodígio Connor McDavid, que alcançou 12 pontos em 13 jogos no decorrer da sua muito esperada estreia na NHL, e parecia melhorar exponencialmente a cada partida disputada. A nova coqueluche da liga lesionou-se num choque contra as tabelas em partida diante dos Philadelphia Flyers a 3 de Novembro, e a fractura na clavícula deve afastá-lo pelo menos até final de Janeiro.

A lesão de Connor McDavid foi um dos momentos mais relevantes da fase regular da NHL até ao momento (Shaughn Butts / Edmonton Journal)

Ainda assim, não tem sido na vertente ofensiva que os Oilers têm quebrado, com uma das piores defesa da NHL a ter reflecção no falhanço, até ver, da aposta num dos guardiões suplentes sensação do ano passado. Cam Talbot (0.899 Sv%) não tem sido tão feliz como Martin Jones (San Jose Sharks), e por isso até já perdeu a posição para o sueco Anders Nilsson (0.922 Sv%), regressado à NHL após um ano na Rússia.

Contudo, os percalços dos Oilers não podem ser alvo de chacota pelos seus rivais de estado.

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(PT) NHL: O festival do golo vai de Dallas a Montreal (I)

A temporada de 2015-16 da NHL já leva quase dois meses e todas as equipas já cumpriram mais de um quarto da longa maratona de 82 jogos que é designada como a fase regular. Uma amostra de 25 apresenta-se assim como suficiente para perceber quais os conjuntos que se assumem como reais candidatos à conquista da Stanley Cup, quem terá muito que melhorar para poder ambicionar a um desempenho de respeito nos playoffs, e em que cidades os adeptos deverão prepara-se para uma longa temporada de sofrimento e frustração.

Nesta revisão do que mais importante aconteceu desde que o disco foi largado pela primeira vez, na 1ª semana de Outubro, iremos começar por um olhar sobre as equipas que têm formado a elite situada no topo das classificações da NHL neste momento, e apontar os perseguidores mais perigosos.

Para a 2ª parte ficarão um conjunto de candidatos que começaram a época com inesperadas dificuldades em encontrar a rede adversária, e os clubes no fundo da tabela, nomeadamente os que têm surpreendido pela negativa, procurando identificar as principais razões que justificam este insucesso.

A Elite

Começamos esta viagem pelo continente norte-americano com os dois conjuntos que mais têm justificado elogios, liderando as respectivas conferências e ocupando igualmente os lugares de topo na lista de equipas com mais golos marcados.

John Klingberg festeja mais um golo dos Dallas Stars (Jerome Miron-USA TODAY Sports)

Com uma média de 3.41 tentos apontados por partida, ninguém festeja mais que os Dallas Stars, uma espécie de rolo compressor ofensivo baseada no brilhantismo de um trio absolutamente imparável. O capitão Jamie Benn não ficou satisfeito por ter alcançado o seu primeiro Art Ross Trophy (jogador com mais pontos na fase regular) no ano passado e está bem dentro da disputa por repetir o feito, somando já 35 pontos e 18 golos, liderando destacado nesta ultima categoria muito devido à ajuda do inseparável Tyler Seguin, com quem segue empatado no 2º lugar entre os pontuadores. Seguin e Benn têm partilhado a principal linha de ataque nesta temporada com Patrick Sharp, que demorou algum tempo a aquecer os motores (apenas 3 assistências nos primeiros nove jogos), mas já deixou para trás as memórias douradas dos três títulos conquistados com os Chicago Blackhawks.

Contudo, não é Sharp que partilha a maioria das manchetes junto do duo atacante mas sim o jovem John Klingberg, o sueco que tem explodido este ano para níveis de desempenho que o colocam na corrida para ser eleito como o melhor defesa da NHL. A cumprir apenas a 2ª temporada na NHL, Klingberg leva já 27 pontos, apenas superado pelo compatriota Erik Karlsson entre os companheiros de sector, mas não tem sido o único responsável por os Stars terem reduzido substancialmente os golos sofridos em relação ao ano passado, onde foram a 5ª pior defesa. Johnny Oduya, que tal como Sharp, foi adquirido aos Hawks, tem formado um segundo par defensivo de grande consistência com Jason Demers, e o desempenho na baliza também tem sido bem mais positivo, com a aposta numa parelha finlandesa com cartel a dar frutos. Anti Niemi possui mais presenças que Kari Lehtonen, mas têm pertencido ao titular do ano passado as melhores exibições quando não fica de fora por lesão.

A formação do Texas tem um registo de 20 vitórias em 27 jogos, um inédito começo de temporada na história da franchise desde que se mudou para Dallas, e apenas os Montreal Canadiens mostram-se capazes de manter o mesmo ritmo, contando para isso com um ataque que tem produzido a níveis muito semelhantes ao dos Stars, algo inesperado face à 20ª posição alcançada o ano passado neste indicador especifico. Este progresso é explicado por uma excelente começo do trio Max Pacioretty (13 golos), Tomas Plekanec (25 pontos) e Brendan Gallagher (19 pontos em 22 encontros disputados até partir o dedo), mas outras linhas também têm dado água pela barba aos adversários. Sobretudo o grupo centrado por David Desharnais, onde Tomas Fleischmann, uma das pechinchas deste defeso, já acumulou 15 pontos, e o aguerrido Dale Weise contribuiu com 9 golos.

Max Pacioretty (#67) e Tomas Plekanec têm elevado o nível do ataque dos Montreal Canadiens (Francois Lacasse/NHLI via Getty Images)

Ao contrário do esperado, os Habs nem têm necessitado sobremaneira de Carey Price para ter sucesso, já que o guardião canadiano marcou presença em menos de metade dos encontros da equipa – com os habituais números excelentes (2.06 GAA, 0.934 Sv%) – e o seu lugar tem sido ocupado pelo estreante Mike Condon, que tem cumprido. Contudo, Price sofreu nova lesão recentemente e estará parado por mais seis semanas, sendo uma incógnita o modo como Condon irá comportar-se perante a exigência de defender as redes da mais premiada formação da NHL por um longo período de tempo.

Stars e Canadiens lideram com folga as Divisões Central e do Atlântico, respectivamente com oito e sete pontos de vantagem, enquanto no Metropolitano e Pacífico a luta está mais acesa. Washington Capitals e New York Rangers têm alternado na frente na primeira, com a formação da capital americana actualmente em melhor forma, pontuando em nove dos últimos dez encontros. Os comandados de Barry Trotz nem têm precisado que Alex Ovechkin (12 golos, 23 pontos) e Nicklas Backstrom (22 pontos em 22 jogos) se apresentem no pico do seu rendimento, uma vez que o grande destaque no ataque tem sido o emergente Evgeni Kuznetsov, com 26 pontos já arrecadados. Do mesmo modo, os reforços para o lado direito das linhas ofensivas têm-se revelado acertados, com o veterano Justin Williams (17 pontos) a adaptar-se rapidamente, e TJ Oshie a assumir um papel importante no powerplay apesar de não apresentar números deslumbrantes (14 pontos). O grupo de vantagem numérica, que nos últimos anos tem sido o melhor da NHL, não tem estado especialmente inspirado, mas isso não impede a equipa de somar já 18 vitórias em 25 jogos, baseada numa defesa consistente onde o guardião Braden Holtby (0.928 Sv%) cobre os eventuais erros que possam acontecer.

Henrik Lundqvist, a muralha de New York (USATSI)

Por outro lado, os NY Rangers apresentam igualmente um registo impressionante, detendo 18 triunfos em 28 partidas, mas que se mostra algo enganador face à predominância que o brilhantismo de Henrik Lundqvist tem assumido. O guardião sueco tem números sublimes (0.938 Sv%, 1.99 GAA, 2 SO) e é por muitos considerado o MVP da NHL até ao momento, carregando a sua equipa ao topo das que sofreram menos golos apesar de os Rangers estarem no top 3 das formações que permitem mais remates direccionados às suas redes. Se o conjunto da “Big Apple” espera manter-se nos lugares cimeiros, convém que atacantes como Derek Stepan, Chris Kreider e Rick Nash, que anotou 42 vezes na temporada passada, melhorem, permitindo diminuir a pressão sobre o seu guardião e Mats Zuccarello, o ala norueguês que leva já 11 golos e 22 pontos, um andamento bem superior ao que tem sido habitual na sua carreira.

Na outra costa, a disputa pela liderança ocorre entre dois rivais de Estado. Os Los Angeles Kings detêm para já a vantagem, beneficiando da habitual consistência defensiva – sendo segundos neste particular entre as 30 formações da NHL- e acertando na rede adversária quanto baste, como também já se tornou norma. Jeff Carter (25 pontos) e Tyler Toffoli repetiram o forte começo do Outono passado, tendo ambos já ultrapassado a dezena de golos e cotando-se entre os líderes em +/-, enquanto o reforço Milan Lucic encaixou a preceito após se lhes ter juntado, deixando a sua marca tanto no placar (10 golos, 17 pontos) como nos corpos adversários. O sucesso desta linha tem permitido que novo início periclitante de Anze Kopitar (16 pontos) e Marian Gaborik (5 golos) seja menos notado, mesmo que o central esloveno continue envolto na incerteza quanto ao futuro, com o seu contrato a expirar no Verão e o acordo para assinatura de novo vínculo a demorar mais que o esperado.

Brent Burns bem merece as felicitações dos companheiros de equipa após um fantástico começo de temporada ao serviço dos San Jose Sharks (David Zalubowski, Associated Press)

Mais a norte, os <strong>San Jose Sharks parecem dispostos a apagar da memória o falhanço do ano passado, quando não se qualificaram para os playoffs pela primeira vez em mais de uma década.

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